No Espiritismo, Jesus Cristo ocupa um lugar central e é visto como o espírito mais elevado que já encarnou na Terra. No entanto, a visão espírita de Jesus difere em alguns aspectos daquela presente nas tradições religiosas tradicionais. Para os espíritas, Jesus é o guia e modelo da humanidade, um espírito puro e altamente evoluído, que veio ao mundo com a missão de nos ensinar o caminho do amor, da caridade e da verdadeira fraternidade.
Allan Kardec, o codificador do Espiritismo, definiu Jesus como um espírito da mais alta hierarquia espiritual, o exemplo supremo a ser seguido. Segundo a Doutrina Espírita, Jesus alcançou um nível de perfeição que o coloca muito além das nossas imperfeições humanas, mas ele ainda pertence à criação divina como todos os demais seres, o que significa que ele também foi criado simples e ignorante e evoluiu ao longo do tempo.
Diferentemente de outras tradições cristãs, o Espiritismo não vê Jesus como Deus ou parte de uma trindade divina. Ele é, sim, um espírito iluminado, dotado de uma compreensão plena das leis divinas, enviado por Deus para ser o nosso exemplo moral. Sua missão foi nos guiar e nos instruir sobre o amor incondicional, o perdão e a prática do bem, virtudes fundamentais para o crescimento espiritual.
Para o Espiritismo, Jesus não apenas trouxe uma mensagem de salvação espiritual, mas também de regeneração moral. Seu evangelho, conforme ensinado no Novo Testamento, é interpretado pelos espíritas como um código de conduta para a evolução espiritual. Suas palavras e ações servem como um farol de luz, iluminando o caminho para a perfeição que todos nós, como espíritos imortais, devemos buscar.
A principal lição de Jesus é o amor ao próximo. Ele mostrou, por meio de sua vida, a importância de viver para o bem comum, praticar o perdão e entender que todos estamos unidos pela lei de causa e efeito. A caridade, o amor incondicional e a humildade são virtudes que ele encarnou e que o Espiritismo incentiva seus seguidores a cultivarem.
No contexto da Doutrina Espírita, muitos dos chamados “milagres” de Jesus, como a cura dos enfermos e a comunicação com os espíritos, são compreendidos como fenômenos naturais que seguem leis espirituais. Esses fenômenos, segundo o Espiritismo, não violam as leis da natureza, mas são manifestações de um conhecimento superior sobre as forças espirituais e energéticas que ainda estão além da compreensão da ciência materialista.
A cura de doentes, a multiplicação dos pães, a transformação da água em vinho e a ressurreição de Lázaro, por exemplo, são vistos como manifestações de um espírito altamente evoluído, com pleno domínio sobre as leis espirituais e materiais. Jesus demonstrava essas habilidades para mostrar à humanidade que, ao alcançarmos níveis mais altos de moralidade e conhecimento espiritual, também poderemos compreender e utilizar essas forças de maneira natural.
Um dos pontos de convergência entre o Espiritismo e os ensinamentos de Jesus é a crença na reencarnação. Embora esse conceito não seja diretamente abordado nos evangelhos de forma explícita, o Espiritismo interpreta várias passagens bíblicas como referências ao ciclo de vidas sucessivas. Jesus mencionou, por exemplo, que João Batista era o “Elias que havia de vir”, sugerindo que o profeta Elias havia reencarnado como João Batista.
Para os espíritas, a reencarnação é uma lei divina que permite ao espírito evoluir ao longo de várias existências. Através de sucessivas encarnações, o espírito vai aprendendo, aprimorando-se moralmente e espiritualmente, até atingir a perfeição. Nesse sentido, Jesus veio à Terra para nos mostrar o caminho da evolução, ensinando-nos que o amor e a prática do bem são os pilares para essa jornada.
Embora Jesus seja reverenciado como o espírito mais elevado, o Espiritismo faz uma distinção clara entre ele e Deus. Jesus não é visto como um ser divino, mas como um espírito puro que tem pleno conhecimento das leis de Deus. Ele é um mestre e um guia, mas a fonte suprema de tudo é Deus, o criador do universo.
Deus, segundo a Doutrina Espírita, é a inteligência suprema, causa primária de todas as coisas, e Jesus é um dos seus mensageiros mais importantes. Dessa forma, Jesus age em nome de Deus, orientando e guiando a humanidade no caminho da evolução espiritual. Sua autoridade moral não vem de ser uma divindade, mas de sua elevação espiritual e sua perfeita compreensão das leis divinas.
No Espiritismo, Jesus é a referência máxima de evolução espiritual, e seu evangelho é um guia para que possamos alcançar essa evolução. Ele veio à Terra para mostrar, com seu exemplo, que todos podemos, um dia, atingir a perfeição, desde que sigamos o caminho do amor, da caridade e da fraternidade.
Seus ensinamentos continuam a ressoar profundamente em nossos corações, não apenas como uma lição de fé, mas como uma orientação prática para nossas vidas. Jesus, para o Espiritismo, é o maior modelo a ser seguido, e ao compreendermos e aplicarmos suas lições, nos aproximamos cada vez mais de Deus e do nosso verdadeiro propósito como espíritos eternos em evolução.